quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Miriam Marroni propõe encontro com autoridades do trânsito para discutir a intensificação de ações em combate à violência e morte de jovens

A vereadora Miriam Marroni (PT) protocolou, nesta tarde (1º), o pedido para que a Casa Legislativa convide as polícias rodoviárias Federal e Estadual, Agentes de Trânsito e Brigada Militar para uma reunião com o objetivo de tratar do elevado índice de mortes no trânsito, principalmente de jovens, em Pelotas e região. A intenção do encontro é solicitar o estabelecimento de um cronograma intenso e a longo prazo de combate "chacina" dos últimos dois meses.
Em um período de dois meses, 22 mortes foram registradas nas estradas da região e, inclusive, nas ruas da cidade. Por isso se faz necessário, urgentemente, a retomada de uma repressão forte, com a retomada de fiscalização mais intensa, aplicação da Lei Seca e realizações de blitze. "Para surtir efeito e mudar o comportamento dos condutores, especificamente os jovens, é preciso uma política permanente, de repressão com a intensifcação da aplicação de multas e testes de bafômetro. Um mês ou temporada não são suficientes. Uma campanha ou ação precisa ser realizada continuamente por vários meses, talvez um ano, para que se possoa mudar a cultura atual, como no caso do início da obrigatoriedade do cinto de segurança", destacou a parlamentar.

Então, as blitze poderão ser realizadas uma ou duas vezes por mês, em pontos diferenciados, mas por um período maior, até que os condutores se acostumem a respeitar as leis existentes e que isso se torne um hábito. A exemplo de Brasília, há uma decada Cristóvão Buarque duplicou o número de agentes de trânsito pelas ruas e, em pouco tempo, o resultado foi detecatdo pela significativa redução no número de acidentes. "Especialmente os jovens precisam de regras e normas, justamente por viverem uma fase naturalmente de rompimento de limites, de pouca noção do perigo e de ser movido pelo princípio do prazer, do impulso", avaliou. Para Miriam, a Lei Seca é um avanço, mas que precisa ser respeitada e fiscalizada para que cumpra o seu papel.



Estudo

O trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trânsito e Álcool (Nepta) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e encomendado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) mostra que mais da metade (51%) dos entrevistados em bares da Capital admitem beber e dirigir, assumindo assim uma combinação perigosa, responsável por boa parte dos acidentes. O estudo foi realizado em 2010, quando a Lei Seca completa dois anos de vigência.

O diretor do Centro de Pesquisa de Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e um dos coordenadores do estudo, Flavio Pechansky, é da opinião de que a lei ainda engatinha. Em entrevista recente à Zero Hora, o psiquiatra comenta que para que uma lei "pegue", toda uma cultura relacionada às questões regulatórias, trânsito, álcool, impunidade e cumprimento das leis precisa ser modificada. "Como nosso país vive um regime de impunidade, a lei pode até ser perfeita no papel, mas não será executatda de uma hora para outra sem mudanças culturais", analisou Pechansky, que defende punições certeiras e rápidas.



As falhas avaliadas pelo especialista



Comportamento



Existe a ideia de que a sociedade pode escolher as leis que vai cumprir e as que não vai cumprir. Os brasileiros ainda não compreendem que os benefícios serão para todos



Fiscalização



Polícias reduziram as blitze para fiscalizar bêbados ao volante. Carentes de pessoas e equipamentos, elas ainda não têm a cultura de submeter motoristas a bafômetro



Punição



Mesmo quando agentes flagram condutores bêbados, há uma sensação de demora em punições como a cassação da carteira



Campanha



As ações educativas atuais não convencem os motoristas do risco do álcool

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