Lanches saudáveis devem ser oferecidos nas escolas para estimular bom hábito |
Para a autora o projeto, a educação nutricional deve fazer parte do currículo escolar e ser adotado na prática dentro das escolas. “Se até a escola - que é símbolo de educação, informação e ensinamento do que é certo ou errado - permite comer ‘qualquer coisa’, nunca a criança vai compreender, assimilar, se educar. É da escola que se espera educação e regra. Sem isso, não haverá mudança de hábitos e costumes.
Miriam acrescenta que até o bebê ter um ano e meio ou dois , os pais tem um regramento e um cuidado exemplar com a alimentação dos filhos. “É uma alimentação muito mais saudável e equilibrada, com suquinho, sopinha de legumes, caldinho de feijão. São os pais que determinam o alimento do bebê e cuidam muito bem”.
Então, a partir dos três anos, aproximadamente, a criança começa a “se mandar”, pois passa por um processo mais amplo e socialização, ao começar a interagir com o mundo fora de casa, com os coleguinhas na escolinha, além de ser bombardeada pela propaganda. “Se a criança não come verduras e legumes, os pais simplesmente justificam que é porque ‘ela não gosta’. Então os pais têm a obrigação de mudar esse comportamento de aceitação e conformidade. Tudo é questão de hábito e costume, por isso, é fundamental a participação da escola nesse processo de mudança cultural”. Além disso, a escola precisa valorizar mais a atividade física.
A vereadora destacou ainda que os pais precisam perceber que não é somente porque os seus filhos já comem sozinhos, que eles podem escolher o que bem entender para se alimentar. “As crianças ainda precisam da nossa regra e equilíbrio”.
DADOS ALARMANTES
22% das crianças e adolescentes apresentam sobrepeso
6% já são obesas
23% apresentam sobrepeso nas escolas públicas
33% apresentam sobrepeso nas escolas privadas
80% é a chance de uma criança, de 10 anos, com sobrepeso se tornar um adulto obeso
O perigo e a tentação está na cantina
Estudos mostram que as crianças fofinhas de hoje, amanhã serão, provavelmente, obesas. Isso porque aos 10 anos de idade, crianças acima do peso já têm 80% de probabilidade e virar um adulto em eterna luta contra a balança. O risco de uma criança gordinha se tornar um adulto obeso aumenta exponencialmente quanto mais se demora para tratar o problema.
Segundo o Estudo Nutri-Brasil Infância, o Brasil ostenta um perigoso recorde. A porcentagem de crianças entre 2 e 5 anos de idade com sobrepeso já supera a dos Estados Unidos. E a de obesas logo, logo pode chegar lá também. No Brasil, 6% das crianças apresentam obesidade, ou seja, peso acima de 15% do ideal e 22% já apresentam sobrepeso (peso entre 10% e 15% do ideal). Nos EUA, os dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) acusam 10% para ambas as situações.
Um dos principais responsáveis pelos números alarmantes deve-se à tentação da cantina escolar, porque quase tudo o que é perigoso e tentador se encontra lá. E não apenas ao alcance mãos, mas longe da vista dos pais também. Outro fator determinante é o sedentarismo, por isso na necessidade do estímulo às atividades físicas.
Uma pesquisa feita pela Unifesp, com mais de 600 jovens em escolas públicas particulares, entre 10 e 15 anos, mostrou que 23% dos estudantes da rede pública apresentavam excesso de peso ou obesidade. Nas particulares, a situação é ainda mais alarmante, o índice ficou 10 pontos acima, ou seja, 33%. O estudo indica que o índice em escolas particulares é maior porque o maior poder aquisitivo dos estudantes faz com que consumam mais produtos industrializados de cantinas. O fato das escolas públicas oferecerem merenda escolar é outro fator responsável pela considerável diferença.
Uma verdadeira bomba-relógio
Segundo o estudo Saúde Brasil 2009 divulgado na última semana pelo Ministério da Saúde, o aumento da obesidade já provoca reflexos nas estatísticas de mortalidade no Brasil. Houve aumento de 10% das mortes provocadas por diabetes entre 1996 e 2007. A doença diretamente relacionada ao aumento do peso, é a terceira causa de mortalidade dos brasileiros, atrás de doenças cerebrovasculares (como derrame) ou cardíacas.
Nos próximos dias, o ministro José Gomes temporão apresentará um Plano Nacional de Enfrentamento da Obesidade, com propostas de ações a serem desenvolvidas junto com os ministérios do Esporte e Educação. A proposta prevê ainda envio ao Congresso de projetos de lei para melhor regular o tema, como tornar nacional a iniciativa pelotense de proibir alimentos muito calóricos e gordurosos nas cantinas das escolas. O plano deverá priorizar ainda a negociação coma indústria de alimentos processados, com o objetivo de reduzir os teores de açúcares e sal, além de promover ações educativas para estimular atividades físicas.
O QUE PREVÊ O PROJETO DE LEI
A legislação proíbe a comercialização dos produtos abaixo relacionados e a publicidade dos mesmos, inclusive por meio de patrocínios de atividades escolares e extracurriculares.
Alimentos proibidos: balas, pirulitos, gomas de mascar, biscoitos recheados; refrigerantes e sucos artificiais; salgadinhos industrializados; frituras em geral; pipoca industrializada; alimentos cuja preparação seja utilizada gordura vegetal hidrogenada
A lei estabelece ainda que a cantina escolar oferecerá para consumo, diariamente, pelo menos, uma variedade de fruta da estação in natura; inteira ou em pedaços; ou na forma de suco, preferencialmente com matéria-prima produzida na região.
Além disso, as escolas terão de adotar conteúdo pedagógico em atividades extraclasses sobre os seguintes temas: alimentação e cultura; refeição balanceada, grupos de alimentos e suas funções; alimentação e mídia; hábitos e estilos de vida saudáveis; frutas e hortaliças: preparo, consumo e sua importância para a saúde; fome e segurança alimentar; dados científicos sobre malefícios do consumo dos alimentos cuja comercialização é vedada por esta lei.
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