As unidades de tratamento da drogadição em Cachoeira do Sul atuam com 100% da capacidade, com uma média de 30 internações por mês e de 15 pessoas em lista de espera por semana. Os números da intitulada capital nacional do arroz no atendimento aos usuários de drogas foram apresentados na tarde da última sexta-feira (15), na quarta audiência pública da Subcomissão contra o Crack da Assembleia Legislativa, ocorrida no Centro Municipal de Cultura.
“Apesar de as drogas estarem causando problemas à sociedade há um bom tempo, o crack deflagrou a fragilidade do sistema de tratamento, em especial o público”, afirmou a proponente e relatora da Subcomissão, deputada Miriam Marroni (PT), ao detalhar os objetivos do trabalho ao público presente na audiência pública. “Estamos aqui para conhecer as dificuldades e os problemas do município, de modo a poder contribuir para o aprimoramento das estruturas de atendimento ao usuário e sua família”, explicou.
Interior - A secretária de Saúde do município, Eunice Brendler, narrou os esforços para a montagem de equipe intersetorial do Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (CAPs AD), que funciona há 11 meses no atendimento aos drogaditos. “Neste período, cadastramos 771 usuários, mas registramos mais de 6 mil atendimentos. A dificuldade em custear o tratamento tem transformado o vício em grave problema de saúde pública”, alertou. O secretário de Assistência Social do município, Neiron Viegas, confessou estar alarmado com o aumento do registro de casos de drogadição no interior do município, em locais onde há pouco tempo o município não possuía registro algum de consumo de drogas e dos problemas decorrentes da drogadição.
Compartilhado ao trabalho das equipes da secretaria, o reforço técnico da ala psiquiátrica do Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira possibilita atendimento para seis dos 12 leitos da unidade exclusivamente para usuários de drogas, número que costumeiramente é ampliado diante da demanda crescente. “Estamos apostando também na reinserção do usuário, principalmente voltada à capacitação para o mercado de trabalho”, adiantou a secretária de Saúde. Ela enfatizou ainda a importância do trabalho da equipe de redução de danos, também do município, que fazem o contato direto com os usuários nos seus locais de referência, seja de moradia ou de consumo da droga.
Dados - O deputado Marlon Santos, integrante da subcomissão, defendeu a necessidade de haver registros mais detalhados do avanço do crack e das drogas no município. “Os números são importantíssimos para que possamos mapear o avanço do crack para melhor combatê-lo”, afirmou. Também presente na audiência, a deputada Zila Breitenback alertou para a necessidade de maior atenção e fiscalização a entidades de tratamento da drogadição, quer possuam suporte científico, quer trabalhem com apelo religioso. A integrante da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos defendeu ainda a preparação dos municípios na organização dos conselhos locais de combate às drogas, nos moldes que preconiza a legislação estadual aprovada em março pela Assembleia Legislativa.
A Subcomissão contra o Crack, integrada também pelo deputada Luciano Azevedo (PPS), interrompe seus trabalhos em virtude do recesso, que se inicia na segunda-feira. O cronograma de atividades prevê audiências públicas em Porto Alegre (05/08), Caxias do Sul (12/08), Santo Ângelo (19/08) e Santa Maria (26/08).
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